quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A fome veio mesmo para ficar.

Ainda não há crianças internadas por subnutrição, mas estão a aumentar os casos de menores que chegam ao Hospital D. Estefânia, em Lisboa, com fome. A denúncia é feita à Renascença pela coordenadora do núcleo hospitalar de apoio à criança e jovem em risco.




Deolinda Pestana revela “não existirem ainda casos de internamentos com o diagnóstico de subnutrição, mas há cada vez mais situações de carências económicas na família que têm repercussão na criança”.



A médica conta que, por várias vezes, os conselhos dos especialistas, tanto para a alimentação como para a medicação, são recusados pelos pais que simplesmente dizem “não ter dinheiro para comprar”.



Crise afasta famílias do privado

A coordenadora Deolinda Pestana diz existirem cada vez mais famílias, até há pouco tempo consideradas de classe média e clientes da medicina privada, a recorrerem aos hospitais públicos.



No hospital pediátrico D. Estefânia há até pais que pedem o adiamento da alta das crianças por não terem condições. “ Muitas vezes dizem que não podem ter a criança em casa e também não podem pagar o transporte para a tratar em ambulatório, por isso, preferem que fique internada”, conta a médica, que é também presidente da secção de pediatria social da Sociedade Portuguesa de Pediatria.



Maus-tratos estão a aumentar

Tão ou mais grave são os casos de maus-tratos infantis que estão a aumentar proporcionalmente ao prolongamento da crise.



Deolinda Pestana diz que há décadas não se via nada assim. “Ficamos muito preocupados, porque há um aumento significativo de maus-tratos e, além do mais, descemos na tipologia: começamos a ver outra vez o mau trato físico – hediondo - de pais completamente descontrolados, sem rumo e sem auto-estima por eles ou pelos filhos. A verdade é que andámos para trás 20 ou 30 anos”.




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